Todos nós achamos excelente a iniciativa do Lab de Garagem permitir que clientes e empresas possam contratar profissionais e desenvolvedores da comunidade, através do Fórum ou do chat.

É o tipo de iniciativa que faz o LDG ser o LDG: uma comunidade para os fortes, para quem deseja sair da zona de conforto.

Mas é preciso que cada um de nós reconheça também suas próprias limitações e deficiências, para poder se aperfeiçoar e melhorar a cada dia, não importa em que grau de desenvolvimento - humano ou profissional - você esteja.

É preciso que nós - desenvolvedores - tenhamos práticas melhores se quisermos atender melhor nossos clientes. É disto que trata este tópico.

Mas é lógico que em todo lugar existem os espertalhões, os maus clientes, os maus profissionais, os profissionais despreparados, os inexperientes, enfim, a Internet nos coloca num mundo complexo onde problemas acontecem toda hora, e nem todas as pessoas são suficientemente preparadas ou bem intencionadas.

Pretendemos que este tópico seja mais um "bate-bola", uma troca de experiências e também de arquivos que nos ajudem - como profissionais - a lidar melhor com nossos clientes e evitar situações desagradáveis.

Ninguém quer se queimar com um bom cliente, mas também não queremos perder tempo com espertalhões se aproveitando do trabalho de cada um ou ainda prejudicando a comunidade.

Lembrando que o LDG não pode ser responsabilizado se tua negociação com um cliente for mal sucedida (você é adulto e vacinado, não é?), então vou citar um exemplo que aconteceu comigo várias vezes - não somente aqui - para ilustrar um pouco o que pretendo colocar em discussão.

Espero que o bom senso de todos fale mais alto e que estejam presentes a opinião de pessoas mais experientes que eu. Seria ótimo, afinal, ninguém me elegeu o dono da verdade (ainda!) e experiência sempre é bem vinda!

Vamos lá:

Um suposto "cliente" aparece no chat, no Forum, no facebook, nos grupos de whatsapp e me pede um orçamento para um projeto.

Claro, um orçamento é o mínimo que posso oferecer. Então perco 2, 3, 4 dias para entender e estudar o problema do cliente, pesquisando eletrônica, elaborando um documento, pesquisando preços de componentes e mão-de-obra. Então entrego o orçamento com um valor dentro do valor de mercado - às vezes até um pouco abaixo para garantir que vou pegar o serviço, mas... tão logo entrego o orçamento, o suposto "cliente" desaparece misteriosamente!

Não é preciso ser um gênio para ligar 2+2 e descobrir que o tal "cliente" era nada mais que outro desenvolvedor ou até uma empresa de RH fazendo pesquisa de mercado nas minhas costas! Aqueles 4 dias de trabalho se foram, adeus!

É um caso que acontece muito, não só comigo, afinal outros membros da comunidade LDG já me relataram situações parecidas. Acredito que não seja um problema exclusivo do LDG, mas uma prática comum por aí dos maus profissionais de TI, administração e/ou RH.

Particularmente, quando nós temos muita experiência num determinado assunto, em 5 segundos  podemos passar o valor do trabalho e não há prejuízo. Por exemplo, desenhei casas e prédios mais de 15 anos. Se o cliente me pedir o 3D de um galpão industrial de 1000 m2, já sei de cabeça quanto vale o serviço.

Mas dificilmente isso é possível quando falamos de desenvolvimento em eletrônica e programação, muito menos embarcados, porque envolve muitas variáveis e principalmente pesquisa, já que você está desenvolvendo algo que nunca fez antes.

Assim, pelo menos da minha parte estou profissionalizando e padronizando alguns procedimentos. É aí que eu gostaria da opinião de todos vocês.

Por exemplo, na hora de elaborar o orçamento para um cliente já não faço mais em editor de textos comum. Utilizo uma linguagem de marcação chamada LaTeX. Com ela automatizo uma série de documentos. Hoje mesmo elaborei um orçamento para um cliente, não levei mais do que 15 minutos para escrever e enviar. Desta forma, só insiro os dados do cliente e edito algumas informações num arquivo-texto puro e pronto! 

Eis uma amostra, no pdf (vamos lá, vamos compartilhar arquivos!). Se alguém souber LaTeX e quiser o modelo orcamento.tex, é só dizer que eu compartilho.

Outros desenvolvedores já são mais incisivos, cobram para fazer orçamentos. Eu estou a um passo de adotar essa prática também. O que vocês acham? Quais as opiniões? Qual a experiência de vocês?

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Eu so absolutamente a favor de cobrar o orçamento, em se tratando de qualquer que seja o projeto na area de eletro-eletronica, software, redes, esse projetos nao sao faceis de fazer, e mesmo que seja facil de fazer depois de alguns anos de pratica, ainda tem todo o seu tempo de know-how sobre o assunto, ai vem qualquer um, pede um orçamento o ze-mane(eu me incluo dentro do termo) gasta tempo, e mesmo que nao gaste agora (ja gastou um dia), eu entendo que o cliente começa e te valorizar quando e vc que se valoriza, quer Orçamento entao pague por ele. Meu professor de projeto de redes, cansou de fazer projetos(chamando ante-projeto) para depois dar de bandeja para o cliente chamar um estagiario so para seguir o que um profissional de verdade ja fez.Para mim entregar um orçamento gratuitamente e se desvalorizar.

SEO SEU CLIENTE QUE COMPRAR BATATA AI O ORÇAMENTO SAI NA HORA!!!!!

Alexandre, entendo bem "suas dores".

Este assunto dá para ficar horas e mais horas discutindo, contando casos e formas de lidar com isto, mas vou tentar resumir algumas experiências e conclusões.

Sou consultor em TI e atuo em diversos escopos deste mundo, desde projetos completos de qualquer tipo de solução envolvendo desenvolvimento de software, infraestrutura, como implementar, como gerenciar e operar, etc, até serviços de avaliação de todos os detalhes de um ambiente em operação para gerar diagnósticos, análise de gap e dai projetos de correções e melhorias.

Venho prestando estes serviços para empresas de todos os portes, desde um pequeno escritório com 2 funcionários, as maiores instituições financeiras.

Falo isto, pois, independente do tamanho do cliente, mercado ou imagem/confiabilidade geral, o que percebi é precisamos tomar muito cuidado com a idoneidade do interlocutor (a pessoa que entrou em contato).

Já passei por casos como este que você sitou, e passei por casos onde a pessoa não sumiu, mas após um tempo, o projeto que desenhei e passei na proposta foi executado por outro. Neste segundo exemplo específico, era algo inovador e que o interlocutor adorou, falou que não tinha visto nada igual e queria aquilo e disse que entraria em contato. Não entrou em contato, não respondia minhas chamadas.

Anos se passaram... essa pessoa tinha se tornado um dos melhores amigo de um parente meu. Fiquei sabendo que ele cresceu bastante na empresa depois daquele projeto, por causa daquele projeto que foi executado por uma empresa de um amigo dele. Pontualmente lembro bem deste caso pois foi bem no começo da minha vida de consultor, cheio de vontade e extremamente ingênuo. Não que eu perdir a vontade hoje, nem que não seja mais ingênuo ou saiba tudo, mas "magoou", hehe.

Tenho um grande amigo da área comercial que fala muito de venda consultiva. Temos que "dar" algo, para receber em troca (ganhar o projeto). E eu "brigo" bastante com ele quanto à isto, pois para ele que é vendedor, é fácil falar isto, pois ele não presta consultoria. Mesmo quando eu falo para ele fazer o papel de vendedor para mim, só que sem pagamento, se fechar o projeto, ele ganhar. Ou ainda, pagando apenas os custos básicos dele. Ele diz que esta situação é diferente (pimenta nos olhos dos outros, é refresco né!?).

Resumidamente, meu aprendizado até agora: Tentar ao máximo separar proposta comercial de proposta técnica e consultoria.

É muito difícil fazer esta separação, e em muitos casos, dedicar bastante tempo para oferecer uma proposta "bonita" que agregue valor é inevitável. Mas é fato que precisamos fazer este esforço adicional, para nos proteger e ao mesmo tempo, conseguir ,ou pelo menos tentar, conquistar o cliente.

A parte comercial da proposta explica modelos de atuação, escopo, abrangência e valores (fechados, totais), sem detalhar muito. A parte técnica, o suficiente para demonstrar tecnicamente que atende a necessidade, respondendo as perguntas/necessidades do projeto, e não apresentando nada do "como" será entregue. Caso o cliente peça mais detalhes e que de alguma forma, abra o "como" do projeto, o cliente terá que "dar" mais para receber. Tentando sempre manter um equilíbrio na relação.

E para fazer isto, é necessário estudar e pesquisar muito, metodologias, técnicas, conceitos de orçamentação, relação com cliente, análise de riscos, etc, etc, etc.

Criar modelos e automações para tentar facilitar/agilizar todas estas tarefas.

E continuamente, aprimorar, mudar, adaptar tudo isto.

Quanto ao seu exemplo de uso do LaTeX, já deu uma olhada nele, mas nunca pensei em usa-lo para proposta. Eu gostaria de ver este modelo de orçamento que você fez. Pode me enviar?

Eu fiz algumas coisas com Word e Excel. No Excel planilhas e formulas, e usando a integração entre os dois, insiro a planilha. Um dos meus projetos engavetados é um sisteminha de geração de proposta.

Enfim, muita coisa para trocar ideia neste escopo.

Muito bom o texto! Já me mostrou boas direções!

O arquivo tá na mão! O LaTeX tem algumas vantagens adicionais, que eu venho estudando, por exemplo ele conversa diretamente com Python, bancos de dados CSV e pode se relacionar com arquivos 3D e html. Ele pode fazer também umas "mágicas", como ficar anos alimentando o gráfico de um relatório em pdf, a partir de leituras analógicas feitas duma estação metereológica baseada em Arduino. O gráfico sai prontinho, com uma digramação perfeita!

CLIENTE.zip

Opa.

Upando o tópico,

Meu filtro para possíveis cliente é a possibilidade de usar Arduíno. Se o cliente deixar claro que a intenção dele é usar arduino, já deixo claro que não tenho condições de competir com esse mercado. Ai tira mais de 90% dos casos, que só me demandariam tempo para pesquisas e não teria um projeto 100% confiável.

Ai sobra os 10% que já trabalham no meio ou já tiveram problemas com projetos ruins, com  bugs sem solução e sendo necessário uma recompleta reestruturação dos projetos. Como o cliente já têm ideia de quando é trabalhoso e necessário ter um projeto com 100% de domínio da tecnologia seja hardware ou software, eu consigo propor possíveis soluções e agregar mais valor ao meu trabalho.

Bom dia, Alexandre

Apesar de nossas áreas serem diferentes, não aguentei mais fazer orçamento de graça. Passei a adotar a medida de Orçamento Pago (no seu caso, terá que ser antecipado)...no meu caso, filtrei muitos serviços, mas pelo menos trabalhei naqueles que "realmente queriam o serviço"...Dou o orçamento : Se o cliente quer, faço de imediato e ponto final...Se o cliente não quer (vai pensar...vai esperar a grana entrar, enfim)...ele paga o Orçamento e por 30 dias fica como caução....Se ele voltar neste prazo, dou abatimento desta "entrada"...Se não voltar, "morreu" !! Com essa medida, além de filtrar os "realmente interessados", evito que fiquem perambulando pela concorrência, pois terão comigo, desconto da entrada dada.

Um abraço

Eu já passei desse ponto. Não projeto mais por dinheiro, digo, não presto serviços de projeto.

Ou ajudo a pessoa a fazer sozinha sem cobrar nada, desde que remotamente ou não faço nada.

Cansei de "é só um..." e depois vc ter que fazer um mundo de coisas pra pessoa. Prefiro ter amizades a clientes.

Faço meus projetos para produtos que pretendo vender. 

Faço muitos projetos para uso pessoal, coisas que não precisava ter, é um hobby... Me faz bem projetar. Assim como me faz bem regar um vaso, dar comida para um passarinho solto que vem comer na janela. É uma contribuição para o universo. Se tivesse que viver disso acho que não conseguiria. 

Eduardo, boa noite!

Legal o seu depoimento.

Mas fiquei curioso e queria te fazer umas perguntas.

Mas você não tem obrigação de responder e entenderei, se assim o fizer.:

Os produtos que você projeta para vender, como faz o marketing?

Você vende pela Internet?

Grato

É contra as regras do site fazer propaganda de produtos que vc fabrica. Já tomei puxão de orelha por isso não gostaria de tomar outro, então não vou entrar em detalhes, citar nomes de empresa, etc.Também não vou me alongar pq entendo que esse assunto pode ser considerado fora do objetivo do forum, apesar de que esse assunto é simplesmente infinito... 

Atuo no ramo de equipamentos para ensino = comprados por escolas para ensinar. Em especial o Senai, que coloca (ou colocava) esses equipamentos em seus laboratórios. Equipamentos para eletrônica, elétrica, mecânica, pneumática, hidráulica, mineração, refrigeração e o que mais aparecer.

A venda para escolas é uma coisa meio das antigas. Precisa mandar catálogo por carta, precisa visitar, o professor precisa saber da existência, precisa telefonar, etc. Uma escola não costuma comprar de quem anuncia no google ou facebook. O entendimento é que no google ele vai achar todo tipo de picareta. É preciso achar no google aquela empresa que já é "uma Brastemp".

Infelizmente a modalidade de compra adotada pelo Senai nos ultimos 10 (acho) anos (pregão eletrônico) não favorece quem é sério. Favorece quem tem preço baixo, então as vendas caíram muito.
Caíram mais ainda depois do dia 15 setembro de 2015 quando a presidência anunciou o tal ajuste fiscal:
LINK Noticia

Desde então o Senai não compra praticamente mais nada. Boa parte dos antigos professores e compradores, aqueles que conheciam as tradicionais opções do mercado foram demitidos. 

Isso depois de outros golpes, como:

Link outra noticia

Link mais uma

Enfim,

Nunca precisei muito da internet para vender, a empresa tem quase 30 anos, mas pelos motivos que comentei hoje me sobra tempo para responder aqui pq falta realmente serviço por faltar dinheiro na educação como um todo (vide o fiasco do fies, que realizou uma % minúscula da promessa original. Não que não tenha feito. Foi ótimo, mas frente a promessa foi uma realização minuscula. Empresários compraram prédios do tamanho de um quarteirão e estão fechados (Aqui em SP o predio da Antartica e do Moinho Santo Antonio, por ex.)).

Enfim, é um B2B clássico. Anunciar em demasia geraria a tipica situação que aconteceu no inicio da empresa. Uma senhora apareceu na porta querendo falar com o responsável, toda brava, disse que seu filho tinha comprado o kit didático, me perguntou se "era para aprender" e disse que sim. Ela disse "pois ele não aprendeu nada". Devolvi o dinheiro. 

Assim são muitos negócios, funcionam nos bastidores, sem aparecer muito na internet. Dá trabalho mas vale a pena. Seu networking é extranet.

Para quem é empresário quando está bom está ótimo, mas quando está ruim está péssimo. Vc assume responsabilidades, custos fixos que não querem saber se vc fez ou não dinheiro naquele período.

Acredito que tenha feito as escolhas certas não crescendo, fazendo quase tudo eu mesmo, batendo escanteio e correndo pra cabecear o tempo todo e fazendo gol. O tombo foi minimizado e hoje superado. 

Tenho medo do que pode acontecer com as pessoas que caem em armadilhas de redes como a Credicard, Bradesco e Itau que usando palavras doces como "investidor anjo" ou "startup" criam de um dia para outro uma empresa devoradora de custos fixos que se morrer de fome deixa uma divida muito maior que ela mesma. Uma divida impagável. Aih vc descobre que a ideia era um fiasco e que o contrato que vc assinou na verdade era de um empréstimo. Dever pra "anjo" nunca é bom... O tal anjo fez de tudo para que vc assinasse pq ele nunca perde, são contratos leoninos escritos por "anjos"... 

Enfim, papo de empreendedorismo. Vale aprender com os erros dos outros tb.

Eduardo, obrigado pelo depoimento.

A instabilidade da economia no Brasil dificulta o empreendedorismo.

Não existe apoio para a pesquisa tecnológica e por isso vamos ficando cada vez mais na retaguarda.

Sou formado em matemática e, no Brasil, praticamente não existem mais cursos de graduação na área de matemática. Isso porque não existem mais empregos e ninguém mais quer fazer cursos desse tipo.

Com isso o país vai emburrecendo na área de EXATAS, pois não existe pesquisa não existem professores. Todos eles estão no ensino médio ou trabalhando em outras áreas.

Não é difícil de prever o que vai acontecer em curto prazo...

Eduardo

Extremamente lúcido seu depoimento, principalmente quando fala desse oba oba que são essas empresas usando o singelo nome de "investidor anjo" e na verdade vendem "emprestimos do diabo". Tenho ficado chateado de ver como essa meninada tem caido nesses esquemas de ficarem se degladiando em eventos para depois de muito esforço receberem como prêmio a mentoria de um couch famoso que nunca teve uma startup e no máximo é um empreendedor de palco. 

Você mostrou a realidade e que a única receita é muito trabalho, por muito tempo, usar a internet rede sociais ,sim é necessário mas não dispensa ir bater na porta e conversar com o cliente.

Não quero me alongar.

Valeu e parabéns pelas palavras

Marco 

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